O projeto foi desenvolvido entre 2011 e 2014 em consórcio com a empresa F|C – http://www.fc-ap.com/ tendo agora sido concluído e inaugurado o Projeto 2 e 3.
O Projeto prevê a ampliação da rede circuitos cicláveis existente na zona envolvente à Ria de Aveiro com o objectivo de promover as condições necessárias a uma vivência e usufruto sustentáveis, e incluiu, para lá do estabelecimento dos corredores propriamente ditos, a integração de áreas de estadia e a beneficiação dos acessos à água.
Os percursos estendem-se pelos concelhos de Ovar, Murtosa, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Aveiro, Vagos e Mira, desenvolvem-se primordialmente ao longo do plano de água ou de zonas húmidas, e ligam, sempre que possível, troços de ciclovia existentes.
As operações propostas preveem a construção de 61 km de novas pistas cicláveis e dividem-se em três unidades de projecto: o Projecto 1, o Projecto 2 e o Projecto 3.
O Projecto 1 desenha-se em dois troços separados, o primeiro entre a Marina de Ovar (no Carregal) e a Ponte da Varela (ligação automóvel que atravessa a Ria de Aveiro) e o segundo entre a Vila da Torreira e a Pousada da Ria. Os referidos percursos desenvolvem-se ao longo da Estada Nacional 327, a nascente da faixa de rodagem, sendo ligados por um troço de ciclovia existente.
O Projecto 2 estende-se entre o Esteiro de Estarreja e a ciclovia existente ao longo do Canal de São Roque (em Aveiro), num percurso que passa por Salreu, Cais de Canelas, Ponte de Cacia, Moinho do Chão e Cais da Ribeira de Esgueira. É um percurso que atravessa grandes áreas inundadas, pelo que será parcialmente executado em passadiços sobrelevados.
O Projecto 3 inclui parte do Caminho do Praião (que liga Ílhavo a Vagos), integrando o acesso à Praia da Barra de Mira e seguindo até ao Cais do Areão. Daqui está prevista uma ligação à ciclovia existente em Mira, através da Estrada Nacional 591. A ciclovia existente será recuperada e requalificada, incluindo os troços adjacentes à Barrinha de Mira e à Lagoa de Mira.
Tendo em conta o facto de esta intervenção se inserir numa zona particularmente sensível e especialmente importante ao nível da diversidade biológica e paisagística, a estratégia delineada integra o tratamento criterioso dos percursos a implantar e atende aos princípios de conservação, preservação e valorização do património natural existente, no sentido de chegar a soluções tendencialmente sustentáveis.
Neste âmbito, optou-se sempre que possível por soluções construtivas pouco intrusivas, respeitando pré-existências e dando preferência ao recurso a materiais locais estabilizados in-situ, e recorreu-se a métodos de drenagem de pavimentos que privilegiam a infiltração das águas pluviais no solo de modo a evitar a excessiva impermeabilização do terreno. Ainda neste contexto, e atendendo às características muito particulares de certos troços – particularmente aqueles que atravessam zonas húmidas ou alagadas – preconiza-se a construção de passadiços sobrelevados em madeira (assentes em estacas).
A recuperação e requalificação da estrutura verde existente assume nesta intervenção uma importância máxima, quer ao nível da melhoria das condições de usufruto da paisagem, quer ao nível da preservação e valorização das condições naturais dos ecossistemas em presença.
Por último, a intervenção procurará promover a sustentabilidade e o equilíbrio dos sistemas vivos existentes, pelo que os ciclos ecológicos dos habitats serão tidos em consideração na calendarizando as obras de forma a não interferir com os períodos mais sensíveis de nidificação da avifauna local.
Fotografia: Público (Adriano Miranda)